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Storytelling + Wut I Have 2 Say: Christina Aguilera - Lotus (2012)

quinta-feira, 15 de novembro de 2012
"To the sky, I rise. Spread my wings and fly.
I leave the past behing, and say goodbye to the scared child inside.
I sing for freedom, and for love.
I look at my reflection, embrace the woman I've become.
The unbreakable Lotus in me, I now set free."

Christina Aguilera sempre foi uma cantora de lançar álbuns onde a essência sempre tem um sentido pessoal, mesmo que não seja compreendido pelos outros. Quando lançou seu primeiro álbum, que levava seu nome, em 1999, Aguilera estava se apresentando ao mundo e dizendo que estava vindo pra ficar. Já no segundo, "Stripped", Christina estava se despindo para o mundo mostrando um eu vulnerável, sensível e cheio de sentimentos presos dentro de si prontos para por pra fora. Enquanto isso, em "Back to Basics", o terceiro álbum, Aguilera se dividia entre o passado e o presente e se rendia cantando em R&B puro, casa musical que deu moradia a diversas de suas inspirações musicais, como Etta James. A grande questão estava no quarto álbum, "Bionic". Recentemente Christina andou falando do álbum dizendo que "Bionic" está a frente de sua época e daqui a alguns anos será apreciado de outra forma. O álbum marcou o início de sua caída, que junto a outras coisas ("Burlesque", divórcio, The Voice, etc.) ajudaram a construir seu quinto álbum, lançado dia 13/nov, mais de dois anos após o "Bionic".
"Lotus", utilizando as próprias palavras de Aguilera, é o seu "renascimento depois de tudo que aconteceu nos últimos anos", tendo a flor Lótus como o tema escolhido para dar vida ao seu novo projeto. Bonita, indestrutível e tendo como casa o pântano, a flor traz exatamente o que Christina quer mostrar ao mundo: que mesmo após tudo, ela continua firme e forte, exatamente (ou até mais) como anos atrás.
Além de representar o seu renascimento, o álbum também é uma espécie de "álbum tributo". Para aqueles que vieram acompanhando as notícias, ou já ouviram o álbum, verão que "Lotus" possui diversas músicas que nos fazem lembrar os outros álbuns. Todos os outros 4 estão aqui presentes, seja em letra, em essência, em ritmo/instrumental, ou em tudo junto. Além, é claro, das próprias faixas.
Sendo construído desde o segundo semestre do ano passado, o quinto álbum de Aguilera reúne diversos grandes produtores e compositores como Alex Da Kid (que assina a produção de 7 da 17 faixas do álbum), ShelbackMax MartinClaude Kelly e Sia, e novos como Candice Pillay.
Atualmente o álbum, que começa a escalar os charts,  já tem o lançamento oficial em andamento em versões físicas e digitais (Standart e Deluxe, tanto em Clean como Explicit), além de uma Edição Fã-Colecionador (em versão física-digital).

LOTUS INTRO
Regida em eletrônica, auto-tune e sem o sample de “Midnight City” do M83 (que estava apenas na versão demo), a intro de "Lotus" começa de forma lenta, com varias Christinas cantando ao fundo, como que num coral, e vai aumentando sua velocidade, enquanto no fundo, o que parece um grito de guerra tribal. A introdução nos mostra a essência do álbum, nos diz do que se trata, e o que podemos esperar dali para frente. E não desaponta, é harmônica e envolve como uma musica normal. Soa como um belo mantra. “Songbird, rebirth, unearth creature. Submerge from hurt, pain, broken pieces. Emergency, heartbeat increases. Rise up lotus, rise, this is the beginning”Com uma clara referencia a seu primeiro sucesso, "Reflection", no qual diz que quer se encontrar, descobrir quem é, agora ela reforça que se encontrou, que sabe quem é e gosta do que encontrou. A tranqüilidade que transparece na musica remete a uma conversa consigo, como se apenas falasse em voz alta. Mas com firmeza, com certeza do que diz. Mesmo que em seus pensamentos. É o momento do renascimento de Christina, renascimento vindo da dor, o renascimento da voz, o nervosismo do recomeço, mas a vontade de recomeçar. É só o começo, e dá a certeza de que o fim não está perto.

ARMY OF ME
Dando abertura para as faixas mais dançantes, em “Army of Me” Christina admite a dor que sentiu e que sente, que foi despedaçada, mas que supera, e que cada um desses pedaços se transforma em mais uma de si, e que a cada pedaço que se quebra, na verdade é mais um pedaço de si que lhe trará mais e mais forcas.  Desde o início dada como a “Fighter 2.0” para a nova geração de fighters (nome dado aos fãs da cantora) que estão surgindo, a faixa traz sintetizadores e um instrumental que remete muito as dance club da década de 80 enquanto Christina Aguilera invoca sua armada única de “milhares de faces” com uma batida midtempo que diz “we're gonna rise up for every time you break me” e que no final diz se divertir com tudo, "com certeza tem um gosto doce".

RED HOT KINDA LOVE
Com uma batida divertida, brincalhona e deliciosa, cheia de segundas e terceiras intenções, Christina levanta o refrão “oh baby. I'm burning up, you got that red hot kinda love” entre “laa, laa, la-la-la”, comprovando que o album não é feito apenas de musicas sobre superação, preocupações. Composta por Christina, Lucas Seacon (que ficou por conta da produção) e Olivia Waithe, a música possui samples de “The Whole World Ain’t Nothing But a Party (de Mark Radice) e  54-46 Was My Number” (de Toots and the Maytals) e traz semelhanças com "Get Mine, Get Yours", do álbum "Stripped", apesar de ter seu ar retro como sua seqüência.

MAKE THE WORLD MOVE (FEAT. CEELO GREEN)
Impossível dizer que Make the World Move não tem tudo a ver com as musicas de Cee-Lo, mas tampouco pode-se dizer que Christina não tem nada a ver com isso. Clamando por humanidade, amor e positividade, incitando a fazer o mundo girar com todo esse amor e espantar a negatividade com certa pressa, “Make the World Move” foi uma das primeiras faixas confirmadas e é produzida por Alex da Kid. Atacando em um estilo mais dance, contém influências atuais e mais retros em uma batida quebrada com trompetes ao fundo e CeeLo Green emprestando sua voz em alguns versos do refrão enquanto Christina relembra um pouco da era "Back to Basics".

YOUR BODY
Inicialmente chamada de "Love Your Body" (em sua versão Clean), a quinta faixa do álbum é o carro-chefe do novo projeto. A música foi lançada oficialmente no dia 17 de setembro, estando pronta desde o final do ano passado, e chegou a alcançar o #3 no iTunes americano. Sendo uma dance-pop construída em mid-tempo e R&B contemporâneo, regada de eletronic e traços de dubstep, foi composta por Max MartinSavan Kotecha Tiffany Amber, sendo produzida por Shellback e Martin. É uma das músicas mais agitadas do álbum, onde Aguilera brinca com o significado de "love your body" enquanto impõe sua voz em uma batida leve e divertida. De acordo com a cantora, o unico motivo que levou ela a gravar uma música como "Your Body" foi por causa da liberdade proporcionada por Max em brincar e usar mais a sua voz, o que, consequentemente, levou o não uso do autotune na edição da música.


LET THERE BE LOVE
Sendo a música já feita diretamente para as pistas, “Let There Be Love” é a sexta faixa do álbum e a segunda musica (e última) escrita e produzida por Max Martin e Shellback (que estavam trabalhando junto em "Your Body"). A faixa mais club dancing de todo o álbum é regida pelos famosos sintetizadores de Max Martin em um refrão que fala “let there be, let there be love, here in the, here in the dark” com crescentes e decrescentes tons de instrumentais.
SING FOR ME
Dita como a nova “Beautiful” para a nova geração de fighters, “Sing for Me” é a música que Christina escolheu para dedicar diretamente e unicamente para seus fãs. Composta por Aguilera, Aeon “Step” Manahan (que ficou na produção) e Ginny Blarmore, Christina mostra sua vulnerabilidade tão presente no álbum “Stripped” no que é a primeira balada do álbum “Lotus”. Sozinha no quarto, tudo o que queria era ser ouvida. Não tendo quem a ouvisse, transforma seu desabafo, suas lagrimas e sua magoa em musica, e canta para si, tendo percebido que desde que você se escute, desde que você goste de si mesmo, é ser livre. Uma canção simples, crua, como a balada que a segue, com a intenção de focar no que Christina tem de melhor: sua voz. Enquanto a música passa, a voz de Christina soa como uma batalha contra sua garganta se espalhando pelo ar e ganhando vida. ‘Cause when I open my mouth, my whole heart comes out. Every tear I wanna cry is satisfied”. Ao final da balada, se espera um suspiro aliviado, que não vem. Há mais pela frente. 

BLANK PAGE
Christina sabe que há dor e ressentimento na tão esperada colaboração com Sia Furler (que já escreveu outras 5 baladas para Christina para o “Bionic” e a trilha sonora de “Burlesque”). Se os fãs sentiram falta de Linda Perry (que vinha participando de composição desde o “Stripped”), Sia definitivamente preenche o buraco com a balada em piano de melodia pessoal e tocante em um refrão que diz "Draw me a smile, and save me tonight. I am a blank page waiting for you to bring me to life", uma tentativa de reconciliação para um antigo amor.

CEASE FIRE
Se em “Army of Me”, Christina invocava uma armada de uma única pessoa, em “Cease Fire”, que dá fim temporários às baladas em um instrumental mais obscuro, a cantora faz uma apologia militar ainda maior em uma faixa regida por instrumentais militares e letra convocativa e cheia de personalidade em que Christina usa para pedir que cessem fogo, abaixem as armas e parem. "Baby, cease fire, throw down your weapons. I'm in your side, so, please, cease fire".

AROUND THE WORLD
Around the World”, escrita por Aguilera, Dwayne Chin-QueeJason Gilbert (também na produção) e Ali Tamposi, é uma faixa que brinca e dificulta o que em “Your Body” foi dado com mais facilidade ao gritar que tudo o que quer é "love your body". Christina acaba colocando na letra o famoso "voulez-vous coucher avec moi, ce soir?" presente no single “Lady Marmalade” em um fundo com tambores e uma letra mais sassy de amor internacional onde “all around the world we're making love”.

CIRCLES
Se o tom totalmente brincalhão e divertido de “Red Hot Kinda Love” não tinha sido suficiente, Aguilera volta com sua criação própria em parceria com Alexander Grant e Candice Pillay. “Circles” (a unica faixa do álbum liberada em Explicit) manda uma mensagem muito clara para todos os haters e negativistas mandando todos eles irem tomar naquele lugar logo no primeiro verso. “Spin around in circles on my middle finger, won't you round and round and sit on my middle finger, motherf*cker”.

BEST OF ME
A terceira balada, “Best of Me”, traz Christina mais uma vez se recusando a se rebaixar as outros enquanto canta que não vão tirar o melhor dela em, mais uma vez, tambores no instrumental. Vulnerabilidade exala como se estiv toplada em sua voz nesta canção. Soa como se estivesse lendo seu diário com melodia e ritmo. ”So you're cold,  made of ice.  Heart of stone,  born to fight.  But I cry,  I still cry.  Are you happy,  to know I'm unhappy alone?  Take your shot,  I'm wide open”Para aqueles que trabalham no sentido de “Best of Me”, a letra da música se apresenta com uma sinceridade bruta que mostra sua evolução, pegando tudo que a derrubou, se recompondo e tomando como uma lição, de olhar para cima apesar de tudo e por causa de tudo até o fim.  Tão frágil, vulnerável e entregue como se estivesse nua, ainda chora. E se prepara para ressurgir, mesmo da queda mais forte, como antes, invicta. Defensora de si mesma. “Heartbroken and beaten. Knocked down and mistreated, I will rise undefeated. I will not let you bring me down. Now the pain is deleted, and I will never repeat it, I will rise and defeat it. I will not let you bring me down”.

JUST A FOOL (WITH BLAKE SHELTON)
Na considerada por muitos a melhor musica do álbum, mesmo sem divulgação ou garantias de que virá a ser single, Christina Aguilera e Blake Shelton (que no início do ano falava para todos que queria ouvir que ainda faria Christina cantar country e que seria ao lado dele) pisam em um território onde há dor e saudade, tentando convencer a si próprios de que é melhor do jeito que esta, em vão. Surpreendentemente, a voz pop de Christina consegue casar com a voz country grave de Blake, que sabe onde sua voz pode alcançar e onde pode apenas deixar Christina continuar sozinha. Sem medo de parecer tolos perante a situação em que se encontram, permanecem na tentativa de achar maneiras de amenizar a aflição, as feridas, ou de pelo menos não se torturar com tais lembranças, realizando que essas maneiras não existem. “I'm just a fool for holding on to something that is never ever gonna come back. I can't accept that it's lost. I should have let it go, held my tongue. Can't fight the motion, cause now everything's so wrong. I'm thrown. I’m just a fool, a fool for you”. E então, enchem seus pulmões e gritar com todo o fôlego que ainda existe a dor que sentem como se estivesse tudo errado e incompleto. Em "Best of Me" vulnerabilidade não falta e em "Just a Fool" ela transborda, inunda o estúdio e invade onde quer que o ouvinte esteja, enchendo-o tanto quanto. “I had my heart set on you, but nothing else hurts like you do. Who know that love was so cruel? And I waited and waited so long for someone who never comes home. It's my fault to think you'll be true. I'm just a fool”.
É com essa crueza, sinceridade exacerbada, vulnerabilidade e poder de superação que Christina Aguilera nos apresenta seu renascimento depois de uma fase negra em sua carreira e em sua vida em um contexto geral. Lotus nos dá uma visão diretamente de seus olhos, por meio de vocais poderosíssimos como poucos conseguem alcançar, e por baladas tão frágeis quanto belas. Mas ao invés de parar onde está, Aguilera segue por outro caminho. Levanta, toma tudo o que lhe foi atirado, todas as pedras, tomates e escárnios e os usa para tecer a celebração de não só um novo recomeço, como a celebração de tudo o que passou ate hoje, o que claramente não inclui apenas dias bons. Celebra a recente descoberta de quem realmente é e o que isso significa. Celebra o amor de todas as maneiras: no seu estado puro, no sexo, na dor. Abraça aquilo que é, o que sempre foi e o que moldou com o tempo e com as situações. Defende-se de uma guerra inútil e desnecessária, com a nobreza de implorar para que a mesma acabe. "Lotus" traz tudo isso, marcando o renascimento. A flor inquebrável agora está mais forte e mais determinada do que jamais esteve, pronta para o que está por vir e mostrar que tudo no passado só a fortaleceu.

“And now the Lotus rises
We are never dying
Forever flying
And always surviving”



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O Espetacular Homem Aranha (The Amazing Spider-Man)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Que "O Espetacular Homem Aranha" é um dos filmes mais esperados de 2012 todos nós já estamos carecas de saber. O reboot do filme de 2002 que foi estrelado por Tobey Maguire e Kisten Dunst, agora ganha uma nova roupagem para o amigo da vizinhança.
Com estreia prevista para 3 de julho nos Estados Unidos e três dias depois aqui no Brasil, o filme se focará na história não contada, que traz um novo lado de Peter Parker. Estrelado por Andrew Garfield como o Peter Parker/Spiderman, Emma Stone como Gwen Stacy, Sally Field e Martin Sheen como respectivos Tia May e Tio Ben e Rhys Ifans como o Dr. Curt Connors ou O Largato, o vilão do filme. Com algumas mudanças, mas a historia continua a do garoto normal que tem o DNA infectado.
O filme que vai ser tanto em 2D como em 3D acabou de ganhar um preview de 4 minutos de tirar o folego. Assistam:




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Storytelling: Norah Jones – Little Broken Hearts (2012)

segunda-feira, 7 de maio de 2012
NOTA: 8.5/10
BLUE NOTE / EMI
Little broken hearts of the night
Slowly picking up their knives
On the way to the fight
Tonight they want revenge
(“Pequenos corações quebrados da noite, lentamente pegando suas facas, no caminho para a guerra. Esta noite eles querem vingança”).

Depois de terem trabalhado juntos no álbum Rome, de 2011, Norah Jones e o produtor Brian “Danger Mouse” Burton voltaram aos estúdios para completar o trabalho já iniciado em 2009, um projetado de novo álbum, antes mesmo de The Fall ir ao mercado. Little Broken Hearts foi lançado no dia 1º de maio de 2012.
Sendo um dos melhores produtores do mundo, era de se esperar que ele soubesse trabalhar com a voz peculiar de Norah, e ela de trabalhar com os arranjos de Burton. Feito com maestria, aliás. Muito diferente de tudo que Jones já fez, como o próprio Burton já disse, o álbum reúne sintetizadores, vocais distorcidos, e uma neblina, algo que me remete a uma esfera etérea. Os arranjos de Burton realmente dão uma profundidade emocional às letras e a voz de Norah.
O álbum funciona bem como um todo, nos conta uma historia que cada musica separada não consegue completar. Cada musica tem sua trama própria, mas se encaixa no álbum como um todo, como um cenário maior. Pequenas historias num cenário maior, o álbum segue como uma narrativa de acontecimentos, sem medo ou pudor de serem expostos nomes, lugares ou situações.
O conceito abordado é a ruptura, o término de relacionamentos, e as reações –sim, diversas reações– que se tem quando acontece conosco, e não se sentir preparado para deixá-lo ir. “Sempre ouvi historias velhas de como se escreve melhor quando se passa por coisas ruins. É horrível, mas é verdade!”, com a palavra, Norah, que não surpreendendo diz ter passado por um termino recentemente.
Norah e Burton parecem querer nos seduzir com uma atmosfera esfumaçante, de escultura elegante, que consegue cobrir a dor da ruptura, do mal-fadado relacionamento. Ouvindo superficialmente, não se capta a essência do álbum, apenas o clima, os assuntos.

A capa do álbum foi inspirada em um pôster do filme Mudhoney, que estava preso à parede do estúdio de Brian Burton, onde o álbum foi gravado, pôster esse que Norah diz ter encarado todo o tempo de gravação.

Apesar de ser um álbum sobre término, a intenção não é só mostrar apenas uma das reações. Temos o suave falsete com sintetizadores e uma melodia angelical de Good Morning, a musica que abre o álbum de forma despretensiosa, repetindo com uma espontânea ternura “I’m folding my hand”, quase uma canção de boa-noite, enquanto ela se dá conta de que está se apegando a uma mão perdida, no jogo; enquanto que Say Goodbye, que logo a segue, é a primeira demonstração de inquietação e angustia com os trechos contraditórios “I won't let you die until come back (...) It's alright It's okay, I don't need you anyway, apesar de cantar despreocupada e quase alegremente que vai embora.

A musica que da o titulo ao album nos leva a enxergar de frente como cada um de nós se porta diante dessa situação. A tristeza, a melancolia que passa de um estado para sermos só aquilo. Quando aquilo toma conta de nós, e que não precisa ser assim, aliás, não deveria. Did the darkness of their days make them let go of their light? Will they want to find a way to make it all right? “.

Uma tristeza não tão encrustada na pele, como descrita em Little Broken Hearts, a música (afinal, Norah em momento algum soa tão deprimida quanto descreve o estado na música) podemos ver em She’s 22. Retrata um affair do homem que até então a faz feliz com uma terceira pessoa, uma mulher nos seus 22 anos de juventude, e como ele nunca saberá o quanto isso a deixou triste. Nem ele nem os ouvintes saberão, por ela demonstrar que o que sentiu foi muito além. Are you really happy?, Does she make you happy? e I’d like to see you happy são 3 das profundas frases que compoe não só essa gravação como o disco por inteiro.

Take It Back, uma das mais sinceras do album, quase nos faz enxergar pelos olhos de Norah. A realização do estado que se encontra, de que não vai passar tão cedo, que ‘ele’ não vai voltar atrás. Won't you take me away from here So I'll never find my way home”. As pistas que são dadas durante o caminho para esse estado, e que só conseguimos enxergar quando já estamos lá. E que ainda pode piorar. “And dust can turn into mud”.

Como se estivesse olhando para as fotografias tiradas, em After the Fall Norah Jones se pergunta se depois de tudo o que passou, ele ainda iria querer tudo de volta; relembra de como os pensamentos eram diferentes e apenas depois que fora perceber. Para no fim, revelar: “After the fall, I still want it all “. Travellin’ On conta sobre uma viagem metaforica, que parece ser em direção a onde ‘ele’ já estaria indo, porém ele se encontra muito a sua frente, e Norah o “tranqüiliza”: “Hey, don't be too hard on yourself, I'll be okay. 'Cause we won't leave this place any worse than when we came “.

4 Broken Hearts remete a uma historia desastrosa na qual tudo o que restou foram 4 corações quebrados, 4 pessoas machucadas. E como ela se fecha, “criando novos muros, mas tendo a certeza de deixar uma janela para ele voltar dessa vez”.


Happy Pills e Miriam se assemelham na forma mais agressiva de se expressar, apesar de terem um estilo completamente diferente quanto a melodia e suavidade. Enquanto a música Happy Pills expõe a raiva de ter se enganado e de não querer nem mais ver o cara, o videoclipe mostra uma traição à Norah, e como ela se vinga, confrontando a amante por telefone e em um dos passeios de Norah e seu amado, o deixa inconsciente e empurra seu carro para dentro do lago. Miriam por sua vez consegue ser mais agressiva e vingativa, mesmo com toda a sua suavidade e aparente leveza. É de uma frieza ímpar que Norah canta “Miriam, that's such a pretty name. And I'll keep saying it, until you die. Miriam, you know you done me wrong. I'm gonna smile when you say goodbye. You know you done me wrong, I'm gonna smile when I take your life”, tanto que consigo imaginá-la afiando uma faca enquanto canta, com a expressão mais serena possivel. E quem nunca se sentiu assim?

Em uma outra viagem metaforica, em Out On The Road, uma de minhas favoritas, a cantora parte despreocupadamente, dessa vez em direção a um destino que ela ainda não sabe, mas sabe que saindo de onde se encontra as coisas começam a melhorar, já no caminho. On my way to paradise a little voice says: "Don't think twice and don't look back if you want things to change" “.

É como se ao partir ela nao fizesse ideia de para onde estivesse indo, e já no caminho ela soubesse que estaria no caminho certo, e o destino, que nos foi mostrado na ultima canção do álbum, All A Dream, na qual ela segue seu caminho, dizendo que “as nuvens nunca mais reaparecerão” e que “finalmente acorda”. Sabemos que ela chega lá. Que ela consegue reverter essa situação com a inocência e certo controle sobre seus sentimentos. E que por mais que ela seja Norah Jones, ela sente tudo o que sentimos num termino. A diferença é que expõe tudo em um álbum intimista ao extremo, tal como sincero sem pretensões ou se importar com o que iriam pensar dessa crueza, dessa exposição de sentimentos. A atmosfera etérea criada pelos arranjos de Burton nos faz pensar em um sonho, como se tudo não passasse disso. Talvez para nos distrair da situação como ela realmente é, talvez para dar a impressão de que seja mesmo um sonho e que aquilo não estivesse acontecendo. Uma coisa é certa: não há uma musica ruim no álbum, e não dá para ouvir uma só separadamente e entender do que se trata, é como se fosse um filme. Cada canção é uma cena, uma cena daquele filme que você torce, se confunde e odeia com a protagonista. Um prato cheio para os que gostam de certa alternatividade e mudança de planos. Vale a pena não só ouvir, mas apreciar cada musica do álbum. E aprovar a mudança de Norah.

And how long does it take
To fight off this weakness?
And tell him
To guard me
‘Cause God knows I’m sorry”.



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