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Storytelling: Regina Spektor - What We Saw From the Cheap Seats (2012)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012
NOTA: 8.0/10.0
SIRE RECORDS
"I must've left a thousand times. But every day begins the same.
Cause there's a small town in my mind".
(Eu devo ter saído mil vezes, mas todos os dias começam igual.
Porque tenho uma pequena cidade em mente.)

Depois do sucesso questionável por alguns de Far, seu ultimo álbum inédito, a cantora e compositora russa naturalizada americana Regina Spektor lançou em 29 de maio o seu novo álbum, o What We Saw From the Cheap Seats, produzido por Mike Elizondo, responsável por trabalhos (produzindo e escrevendo) de Fiona AppleAlanis Morissette (que tem um estilo levemente parecido com o de Regina). Como de costume, voz e piano se confundem em uma só melodia, ainda que de forma menos enfatizada que nos primeiros álbuns de sua carreira, mas isso ainda vai ser discutido.
Difícil mesmo é definir um conceito para englobar todas as músicas incluídas no álbum conseguindo-se observar uma multiplicidade de estilos, humores e sons; e pondo na equação que essas músicas foram todas escritas em momentos diferentes da sua carreira. A cantora já afirmou que as músicas do novo álbum foram escritas ao longo dos últimos 10 anos. Open, por exemplo, foi escrita enquanto a cantora ainda morava na casa dos seus pais, em 2003 ou 2004. All the Rowboats, um ano depois. Dito isso, este álbum é muito mais considerado uma coletânea, ao invés de um álbum de inéditas. Então volta a pergunta inicial: como englobar essas músicas tão “diferentemente escritas” num todo? A resposta esteve na pergunta o tempo inteiro.
Talvez exatamente por esses motivos. Uma história, não necessariamente linear, nem necessariamente sobre ela, nos é contada ao longo do disco, nos fazendo perceber as mudanças que aconteceram e que muitas ainda estão por vir. De mudar o estilo, passando por mudar de cidade, terminar um relacionamento até amadurecer. Isso fica visível com o fato de cada música ser escrita em um período diferente de sua vida. Músicas escritas há 10 anos, hoje em dia muito provavelmente não fariam tanto sentido para ela mesma quanto faziam naquela época, assim como mudou sua maturidade, sua forma de ver o mundo, suas concepções e maneiras de ver as coisas. Aliás, a maneira com que outros recebem essas mudanças também é abordada em What We Saw..., tal como a confusão entre passar por essa mudança ou não. A mudança mais duramente criticada pela mídia e por seu público foi uma mudança de estilo. Entretanto, não foi bem uma mudança. Spektor diz sempre que um estilo só é uma limitação autoimposta, e que ela não é assim. E deixa claro com constantes mudanças de ritmos, melodias e voz durante uma só música, que dirá em um álbum inteiro. O álbum é refinado, com melodias contrastantes, e considerado se não seu melhor, ao menos seu melhor esforço para chegar lá. Tem potencial para tanto, deve-se acrescentar. Seu álbum mais instigante, com certeza.

Parece ser essa mistura, do que já foi, do que é hoje e do que pode ser daqui a apenas segundos, que a intriga. Certamente, me intriga. Não é porque as coisas mudaram que elas não aconteceram. Fazem parte de você, de quem é, de como se transformou no que é hoje e de como chegou até aqui. E é desta maneira que o álbum se inicia, em uma Small Town Moon saudosista, onde fala de uma insatisfação, uma constante vontade de mais, mais do que o limitado que lhe é oferecido, mas ao mesmo tempo de não querer magoar quem espera aquele limitado dela. É o terceiro single do álbum, não tendo vídeo ainda. E também de como não deve se preocupar tanto com essas limitações impostas pelos outros, ou por si mesmo. “Cause we're going to get real old real soon, today we're younger than we're ever going to be. Stop, what's the hurry? Come on baby, don't you worry. Everybody not so nice”, ela canta despreocupa, como se estivesse cantando sobre algo comum, o que não deixa de ser. Quase como um aviso de que isso acontece todo o tempo e foge completamente a nossa percepção.

Seguindo diretamente para Oh, Marcello!, em que ela arrisca um sotaque italiano (até esse sotaque falso foi alvo de críticas duras pelos fãs mal humorados, até ele), permanece em seu estilo, usando de certa ironia e do refrão de Don’t Le Me Be Misunderstood, gravada primeiramente por Nina Simone, mas interpretado magistralmente por ela, com uma graça, uma doçura impressionantes, e com algo de sons vocais que fixam como chiclete, impedindo que ouça sem repetir esses sons junto dela. Don’t Leave Me (Ne Me Quitte Pas), segundo single, é um tópico delicado. Música que já esteve no álbum Songs, está um pouco mais suntuosa, claro, mais moldada e aprumada para o que pareceu uma “hora certa de lançar a música, e do jeito que ela merecia”, como a própria disse em recente entrevista. Com um refrão tão delicioso e divertido, que fica impraticável ouví-lo sem sorrir. E tem um clipe tão divertido ou mais que a própria música, com cenas em que é impossível não rir e não adorá-la, apesar de tão simples. Atenção na cena do pão de óculos e boina, e para a cena da fogueira em plena sala de estar. E sempre, atenção na beleza e graça de Regina.

Uma melodia completamente ao piano, mais delicada, Firewood é algo de esperançosa, e passa algo para não desistirmos, por mais que as coisas não deem certo todo o tempo. Elas nunca dão certo todo o tempo de qualquer maneira. The piano is not firewood yet, but the cold does get cold. So it soon might be that. I'll take it apart, call up my friends, and we'll warm up our hands by the fire”. Talvez dê vontade de desistir, de voltar atrás, de correr para o passado, mas não se consegue correr pra lá. E mesmo que desse, não é aconselhável. Vai doer, vai doer mais, e depois mais ainda. Cada vez mais. Mas que sentar e se lamentar todo o sempre não é e nunca foi solução para nada. E que se doer quando você tentar de novo, pelo menos doerá com você tentando, e não com você sentado, se lamentando. Everyone knows it's going to hurt, but at least we'll get hurt trying (…) Love what you have and you'll have more love, you're not dying. Everyone knows you're going to love, though there's still no cure for crying”. Uma música que não deveria ser vista como triste, mas com esperança, tendo em mente que a música atinge como um tapa de luvas de pelica, de tão realista. E uma das melhores do álbum, absolutamente.

Patron Saint, uma das pérolas do álbum, tem letra provocativa e indica uma autodestruição, tal como destruição de todas essas pessoas que a cercam, e avisa, para desistir dela, pois a destruição é certa, destruição essa que é aprender que o amor verdadeiro existe. Her patron saint, broken and lame, and absolutely insane for learning that true love exists. So darling, let go of her hand. You'll be to blame for playing this game and learning that true love exists”.

Em How, particularmente preferida do álbum, é introduzida com um violino. É lenta, calma, tranquila e de uma perda de um grande amor, que pode ter sido pelo fim de um relacionamento ou pela morte dele. Suave, tem uma bateria de leve, e ela consegue altas notas no refrão, sem muito som para abafar essas notas. How can I forget your love? How can I never see you again? There is a time and place for one more sweet embrace. (…) I guess you know by now that we will meet again somehow. (…) Time can come and take away the pain, but I just want my memories to remain. To hear your voice to see your face. There's not one moment I'd erase”. Uma das músicas mais bonitas que ouço em tempos, com absoluta certeza.

Contrastando completamente com o resto do álbum e principalmente com a anterior How, All The Rowboats tem uma introdução eletrônica. Foi o primeiro single do álbum, e parece falar sobre pinturas sendo desperdiçadas em um museu, solitárias e presas naquele momento em que foram gravadas, e da eternização delas. Música boa, com letra, melodia e clipe sensacionais. “First there's lights out, then there's lock up, masterpieces serving maximum sentences. It's their own fault for being timeless, there's a price you pay and a consequence. All the galleries, the museums. Here's your ticket, welcome to the tombs. (…)They will hang there in their gold frames for forever, forever and a day. All the rowboats in the oil paintings, they keep trying to row away, row away”.

Criticando a corrupção política e sobre nossas reações a mesma, Regina canta Ballad of a Politician, que trás uma sensação de desconhecido, de misterioso, de algo que se mantém escondido de nós, mas isso é costumeiro em suas canções, e de mais a mais, se encaixa perfeitamente no contexto de algo que é feito as escondidas (a corrupção). Shake your ass out on that street, you’re gonna make us scream someday, you’re gonna make us weak”. Open parece ser o começo do fim do álbum, em partes suave como em Firewood e How, em outras fazendo um barulho que soa como um ‘Whoa’ assustado, abafado, um grito abafado.

O álbum é finalizado com Jessica, que ao invés de um piano padrão, vem acústica, com um violão dando sobriedade a canção. Regina começa o álbum falando de amadurecer, de crescer, de sair da zona de conforto, e termina cantando literalmente sobre isso com uma leveza inacreditável e de certa forma reflexiva, embargada, em frases como “Jessica, wake up. It's February again, we must get older, so wake up”. Curta e simples, finda o álbum da forma que começou, com chave de ouro, deixando para trás seu rastro doce e arrancando sorrisos por quem passa por aquele caminho.

Nunca disposta a permanecer na área onde esteve há pouco tempo, e que estava dando certo, e sempre aberta a mudanças, mantendo-nos sem saber ao certo o que esperar, e de certa forma desapontando uns e outros que não entendem o porquê dela não continuar naquele ritmo de 10 anos atrás. Contrário a muitos que criticaram, acompanho a carreira de Regina crescer, mudar de um álbum para o outro, sem permanecer em mais de um com a mesma fórmula. Uma previsível imprevisão, mas sempre incorporando elementos novos adquiridos ao longo do caminho. Regina nos canta em algumas músicas sobre coisas que nos parecem óbvias, mas quando cantadas por ela, por essa voz suave que mais parece uma das melodias, tem algo de esclarecedor, como uma epifania, como se nunca houvéssemos pensado sobre aquilo. E sua inocência clara, que nos faz perguntarmo-nos, se ela ao menos sabe a grandiosidade das palavras que saem de sua boca e dedos. 

Não sou nem um pouco confessional”, ela disse em outra entrevista. Por mais que Regina pareça estar falando de si em diversas músicas, elas podem não ter muito ou nada a ver com ela. Diz também que vê escritores de ficção (como conta que se assemelha mais a eles) tão intensamente emocionados e ligados, deixando um pouco de si com o que escrevem quanto autores que deixam nas páginas estórias que contam experiências próprias.
De acordo com a própria, é como uma traição a musica tentar explica-la, ou transformá-la em palavras que justificam o porquê dela ter sido escrita, já que o ponto da musica ser criada é ela ser abstrata, interativa, experimentada, e o quanto mais que você tenta explicá-la, você lida com algo extremamente frágil. Você a toma como ela é, e deixa os outros terem suas próprias experiências com ela. E quando você consegue chegar a escrever uma, se sente realmente sortudo, pois é uma das coisas que as pessoas não conseguem explicar, entender, a criação de uma música. E que para ela, “tentar escrever uma música” a deixa quase enojada, pois seria como manipular a si mesmo ou a música. Que se faz verdadeira arte se você se sente inspirado.
Regina Spektor mantém sua identidade, ainda que esteja em permanente mudança. É como se nos fizesse querer ouvir sua voz pelo menos por um momento em cada dia, é convidativa, mesmo quando irônica, sarcástica ou triste. Talvez para nos lembrar constantemente que ainda podemos ser tocados, que ainda podemos sentir. E que podemos arriscar, tomarmos aquele passo que caímos em dúvida entre tomar ou não. É o que faz, a cada canção que escreve, a cada álbum que lança, a cada ideia que tem, com seu experimentalismo tão gracioso.

I am in a room I've built myself.
Four stray walls, one floor, one ceiling.
And day after day I wake up feeling… Potentially lovely, perpetually human,  suspended and open.
Open up your eyes and then...


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Storytelling: Norah Jones – Little Broken Hearts (2012)

segunda-feira, 7 de maio de 2012
NOTA: 8.5/10
BLUE NOTE / EMI
Little broken hearts of the night
Slowly picking up their knives
On the way to the fight
Tonight they want revenge
(“Pequenos corações quebrados da noite, lentamente pegando suas facas, no caminho para a guerra. Esta noite eles querem vingança”).

Depois de terem trabalhado juntos no álbum Rome, de 2011, Norah Jones e o produtor Brian “Danger Mouse” Burton voltaram aos estúdios para completar o trabalho já iniciado em 2009, um projetado de novo álbum, antes mesmo de The Fall ir ao mercado. Little Broken Hearts foi lançado no dia 1º de maio de 2012.
Sendo um dos melhores produtores do mundo, era de se esperar que ele soubesse trabalhar com a voz peculiar de Norah, e ela de trabalhar com os arranjos de Burton. Feito com maestria, aliás. Muito diferente de tudo que Jones já fez, como o próprio Burton já disse, o álbum reúne sintetizadores, vocais distorcidos, e uma neblina, algo que me remete a uma esfera etérea. Os arranjos de Burton realmente dão uma profundidade emocional às letras e a voz de Norah.
O álbum funciona bem como um todo, nos conta uma historia que cada musica separada não consegue completar. Cada musica tem sua trama própria, mas se encaixa no álbum como um todo, como um cenário maior. Pequenas historias num cenário maior, o álbum segue como uma narrativa de acontecimentos, sem medo ou pudor de serem expostos nomes, lugares ou situações.
O conceito abordado é a ruptura, o término de relacionamentos, e as reações –sim, diversas reações– que se tem quando acontece conosco, e não se sentir preparado para deixá-lo ir. “Sempre ouvi historias velhas de como se escreve melhor quando se passa por coisas ruins. É horrível, mas é verdade!”, com a palavra, Norah, que não surpreendendo diz ter passado por um termino recentemente.
Norah e Burton parecem querer nos seduzir com uma atmosfera esfumaçante, de escultura elegante, que consegue cobrir a dor da ruptura, do mal-fadado relacionamento. Ouvindo superficialmente, não se capta a essência do álbum, apenas o clima, os assuntos.

A capa do álbum foi inspirada em um pôster do filme Mudhoney, que estava preso à parede do estúdio de Brian Burton, onde o álbum foi gravado, pôster esse que Norah diz ter encarado todo o tempo de gravação.

Apesar de ser um álbum sobre término, a intenção não é só mostrar apenas uma das reações. Temos o suave falsete com sintetizadores e uma melodia angelical de Good Morning, a musica que abre o álbum de forma despretensiosa, repetindo com uma espontânea ternura “I’m folding my hand”, quase uma canção de boa-noite, enquanto ela se dá conta de que está se apegando a uma mão perdida, no jogo; enquanto que Say Goodbye, que logo a segue, é a primeira demonstração de inquietação e angustia com os trechos contraditórios “I won't let you die until come back (...) It's alright It's okay, I don't need you anyway, apesar de cantar despreocupada e quase alegremente que vai embora.

A musica que da o titulo ao album nos leva a enxergar de frente como cada um de nós se porta diante dessa situação. A tristeza, a melancolia que passa de um estado para sermos só aquilo. Quando aquilo toma conta de nós, e que não precisa ser assim, aliás, não deveria. Did the darkness of their days make them let go of their light? Will they want to find a way to make it all right? “.

Uma tristeza não tão encrustada na pele, como descrita em Little Broken Hearts, a música (afinal, Norah em momento algum soa tão deprimida quanto descreve o estado na música) podemos ver em She’s 22. Retrata um affair do homem que até então a faz feliz com uma terceira pessoa, uma mulher nos seus 22 anos de juventude, e como ele nunca saberá o quanto isso a deixou triste. Nem ele nem os ouvintes saberão, por ela demonstrar que o que sentiu foi muito além. Are you really happy?, Does she make you happy? e I’d like to see you happy são 3 das profundas frases que compoe não só essa gravação como o disco por inteiro.

Take It Back, uma das mais sinceras do album, quase nos faz enxergar pelos olhos de Norah. A realização do estado que se encontra, de que não vai passar tão cedo, que ‘ele’ não vai voltar atrás. Won't you take me away from here So I'll never find my way home”. As pistas que são dadas durante o caminho para esse estado, e que só conseguimos enxergar quando já estamos lá. E que ainda pode piorar. “And dust can turn into mud”.

Como se estivesse olhando para as fotografias tiradas, em After the Fall Norah Jones se pergunta se depois de tudo o que passou, ele ainda iria querer tudo de volta; relembra de como os pensamentos eram diferentes e apenas depois que fora perceber. Para no fim, revelar: “After the fall, I still want it all “. Travellin’ On conta sobre uma viagem metaforica, que parece ser em direção a onde ‘ele’ já estaria indo, porém ele se encontra muito a sua frente, e Norah o “tranqüiliza”: “Hey, don't be too hard on yourself, I'll be okay. 'Cause we won't leave this place any worse than when we came “.

4 Broken Hearts remete a uma historia desastrosa na qual tudo o que restou foram 4 corações quebrados, 4 pessoas machucadas. E como ela se fecha, “criando novos muros, mas tendo a certeza de deixar uma janela para ele voltar dessa vez”.


Happy Pills e Miriam se assemelham na forma mais agressiva de se expressar, apesar de terem um estilo completamente diferente quanto a melodia e suavidade. Enquanto a música Happy Pills expõe a raiva de ter se enganado e de não querer nem mais ver o cara, o videoclipe mostra uma traição à Norah, e como ela se vinga, confrontando a amante por telefone e em um dos passeios de Norah e seu amado, o deixa inconsciente e empurra seu carro para dentro do lago. Miriam por sua vez consegue ser mais agressiva e vingativa, mesmo com toda a sua suavidade e aparente leveza. É de uma frieza ímpar que Norah canta “Miriam, that's such a pretty name. And I'll keep saying it, until you die. Miriam, you know you done me wrong. I'm gonna smile when you say goodbye. You know you done me wrong, I'm gonna smile when I take your life”, tanto que consigo imaginá-la afiando uma faca enquanto canta, com a expressão mais serena possivel. E quem nunca se sentiu assim?

Em uma outra viagem metaforica, em Out On The Road, uma de minhas favoritas, a cantora parte despreocupadamente, dessa vez em direção a um destino que ela ainda não sabe, mas sabe que saindo de onde se encontra as coisas começam a melhorar, já no caminho. On my way to paradise a little voice says: "Don't think twice and don't look back if you want things to change" “.

É como se ao partir ela nao fizesse ideia de para onde estivesse indo, e já no caminho ela soubesse que estaria no caminho certo, e o destino, que nos foi mostrado na ultima canção do álbum, All A Dream, na qual ela segue seu caminho, dizendo que “as nuvens nunca mais reaparecerão” e que “finalmente acorda”. Sabemos que ela chega lá. Que ela consegue reverter essa situação com a inocência e certo controle sobre seus sentimentos. E que por mais que ela seja Norah Jones, ela sente tudo o que sentimos num termino. A diferença é que expõe tudo em um álbum intimista ao extremo, tal como sincero sem pretensões ou se importar com o que iriam pensar dessa crueza, dessa exposição de sentimentos. A atmosfera etérea criada pelos arranjos de Burton nos faz pensar em um sonho, como se tudo não passasse disso. Talvez para nos distrair da situação como ela realmente é, talvez para dar a impressão de que seja mesmo um sonho e que aquilo não estivesse acontecendo. Uma coisa é certa: não há uma musica ruim no álbum, e não dá para ouvir uma só separadamente e entender do que se trata, é como se fosse um filme. Cada canção é uma cena, uma cena daquele filme que você torce, se confunde e odeia com a protagonista. Um prato cheio para os que gostam de certa alternatividade e mudança de planos. Vale a pena não só ouvir, mas apreciar cada musica do álbum. E aprovar a mudança de Norah.

And how long does it take
To fight off this weakness?
And tell him
To guard me
‘Cause God knows I’m sorry”.



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