RMS Titanic: Parte 1

sábado, 21 de abril de 2012
White Star Line.Sua atenção é especialmente direcionada para as condições de transporte no contrato selado. 
A responsabilidade da empresa para bagagem é limitada, mas os passageiros podem proteger-se pelo seguro. 
‘Quem redime a tua vida da destruição’.

O único bilhete existente da 1ª classe do luxuoso RMS Titanic, o transatlântico operado pela White Star Line mais reconhecido em todo o mundo, pertencia a Stuart Holden, um reverendo que desistiu de viajar pelo Titanic um dia antes da embarcação. O bilhete está exposto em Liverpool, no Reino Unido.


Do imponente e pretensioso navio, sobram mitos, teorias conspiratórias, histórias que jamais virão a ser colocadas a limpo, e os destroços localizados a 4 km de profundidade, no leito do mar. 100 anos depois do naufrágio, a maior parte de todas as perguntas que ficaram sem respostas permanecem sem elas. Mas, certamente, as perguntas voltam a entrar em pauta.
Belfast, Irlanda do Norte. Nos estaleiros da Harland and Wolff, o Titanic é construído com o aval dos projetistas J. Bruce Ismay, diretor da White Star Line; do arquiteto naval Thomas Andrews, gerente de construção e chefe do departamento de design da Harland and Wolff; do Lorde William Pirrie, diretor de tanto a Harland and Wolff como da White Star Line; e de Alexander Carlisle, o projetista chefe e gerente geral do estaleiro. 
Quando construído, a ordem era que o navio levaria o mínimo de botes pedido em lei acreditando-se na ideia de que o mesmo nunca afundaria ou que se caso tal coisa "inacreditável" chegasse a acontecer, a ajuda chegaria antes mesmo dele afundar e assim se salvariam a todos.
Tendo a construção financiada por J.P. Morgan, da companhia International Mercantile Marine Co, o monumento marítimo teve seu custo na casa dos US$ 7,5 milhões. Media 269,1m de comprimento (aproximadamente 3 aviões de grande porte ou 19 caminhões), pesava 46 mil toneladas e tinha capacidade para transportar 3547 pessoas (passageiros e tripulação). 


Quando partiu em sua viagem inaugural no dia 10 de abril de 1912, em Southampton (Inglaterra), tinha 2223 pessoas a bordo. Entre elas se encontravam pessoas altamente influentes da época, incluindo homens de poder e mulheres da alta-roda na Primeira Classe
Enquanto Edward J. Smith estava no comando, muitas "celebridades" passeavam pelo imenso convés.  John Jacob Astor IV e sua esposa Madeleine Force Astor (dizia-se que ele possuía mais arranha-céus e hotéis que qualquer outro nova-iorquino); Margareth “Molly” Brown (certamente merecedora de um artigo só para ela), mais conhecida como Inafundável Molly Brown, que posteriormente se transformou em um ícone não somente como pessoa, mas também como uma personagem de diversos filmes, livros e textos; a atriz Dorothy Gibson; o diretor da White Star, J. Bruce Ismay; e o arquiteto-construtor do navio, Thomas Andrews.
Toda a viagem, incluindo quaisquer paradas, deveria levar uma semana. O que levaria o navio ter o seu desembarque programado para o dia 17 de abril de 1912. 
Após a parada em Queenstown, onde embarcou passageiros da Terceira Classe, mercadorias e o correio, o RMS seguiu viagem com a intenção de só parar novamente na cidade de Nova Iorque. E durante os 3 primeiros dias, tudo ocorreu exatamente como esperado mesmo após terem sido recebidos avisos de gelo e icebergs, levando o capitão J. Smith a mudar o seu curso e seguir um pouco mais para o sul. Tudo bem, até então. 


4º dia. O Titanic começou a receber mensagens de grandes icebergs no caminho, não repassadas para a ponte. Os operadores do radio, empregados Marconi, deveriam transmitir as mensagens essenciais, julgando aquelas recentes tão essenciais assim. Contudo, os operadores receberem um pouco mais tarde um outro aviso de que haviam muitos icebergs perto do Titanic. Também ignorada.
Aproximadamente 23h40. O sino de alerta do mastro foi tocado 3 vezes pelos vigias, levando a ordem máxima ser dada: que virasse tudo a bombordo e que as maquinas fossem ajustadas para dar a ré. Apenas 47 segundos do iceberg ser avistado, a batida. A massa de gelo arranhou o casco da embarcação debaixo da linha de água e abriu um rasgo de 90m. 
O navio conseguiria flutuar com 4 compartimentos comprometidos, mas 5 deles foram inundados ao serem rasgados. 20 minutos depois do choque, a proa já tinha inclinado por conta da entrada de água. Thomas Andrews, o arquiteto, inspecionou os danos e declarou que o intitulado "inafundável" iria, de fato, afundar. Ninguém acreditou.


0h05. J Smith solicitou que os passageiros fossem acordados, que pusessem seus coletes salva-vidas e se dirigissem ao convés dos botes salva-vidas de acordo com a classe social. Primeiro a Primeira Classe. E então a Segunda Classe. Mas enquanto isso, a Terceira Classe permanecia trancada no seu respetivo salão.
Mulheres e crianças primeiro!”, a ordem anunciavam enquanto os botes começavam a ser preenchidos. Porém, muitos deles não preenchidos totalmente em sua capacidade máxima  por não haver mulheres ou crianças por perto, devido a pressa de mandar o botes para longe o mais rápido possível. E já não haviam botes o suficiente para salvar pouco mais da metade das pessoas a bordo. Isso significa que os primeiros botes, onde se encontravam apenas mulheres e crianças da Primeira Classe, estava com uma lotação muitíssimo abaixo da capacidade do bote. 
Porém, a estibordo, o Primeiro Oficial William Murdock permitia que homens entrassem no bote caso não houvesse mais crianças e mulheres para entrar e fazia o bote descer completamente lotado. Infelizmente era um entre muitos.
Não pode-se deixar de falar na orquestra de bordo, que foi chamada a tocar no convés para que as pessoas não entrassem em pânico. Muito se discute sobre a musica que se estava tocando. Enquanto alguns dizem ser Autumn (hino episcopal), outros afirmam que era Nearer My God To Thee.


O nome “Titanic” pintado no navio já havia desaparecido a 1h30 da madrugada. Thomas Andrews foi visto na sala de fumantes da Primeira Classe, pela ultima vez. 2 botes sobrando, a Terceira Classe foi liberada. Na descida do ultimo bote, um desmontável, a água já atingia o convés. Cada um por si”, ordena o capitão J Smith
Não se vê mais ninguém. As luzes do Titanic piscam uma ultima vez as 2h18. As chaminés começam a cair, tombando na água, esmagando pessoas abaixo. Até mesmo John Jacob Astor IV, o homem mais rico a bordo. O navio se desprende em dois, separando a proa da popa. 
2h20. O navio afunda por completo.

O navio Carpathia resgata os sobreviventes dos botes e ruma para Nova Iorque. Das pessoas que permaneceram por lá, sem botes salva-vidas, apenas 6 foram resgatadas com vida. De 2,223 pessoas a bordo: 706 pessoas sobreviveram, enquanto 1,557 morreram.
No entanto, muitas perguntas permanecem em aberto. Muitas questões sobre muito do Titanic e seus passageiros ficam sem respostas. Diversos autores, diretores, cantores, compositores tentam responder a essas perguntas com teorias próprias ou compilando pesquisas. Se não respondem, ao menos levantar essas questões. Algumas delas eu mesmo vou levantar aqui.
A velocidade do navio é uma delas. Sabe-se que o Titanic estava em uma velocidade acima do comum. Explicações são muitas. Respostas concreta? Nenhuma. Diz-se que o comandante J Smith mandou aumentar a velocidade da embarcação. Não se sabe se realmente foi obediência a uma talvez ordem do presidente da White Star Line, J Bruce Ismay, considerado por todos na época e ainda hoje como o vilão do transatlântico. Ou se foi pelo fato de que alem de ser o maior e mais luxuoso navio da época, o Titanic era para ser o mais rápido também. Estando assim, a toda velocidade. Supõe-se também que se o iceberg tivesse sido visto 30 segundos antes, poderia ser evitado o choque. Mas aí já é uma suposição completamente sem fundamentos.
Outra questão eram os binóculos. Como binóculos não foram distribuídos para os vigias do mastro, a companhia náutica foi duramente criticada, pois isso “poderia ter salvo o Titanic e as vidas perdidas” quando, na verdade, iriam ter atrapalhado e de repente piorado a situação. Devido as miragens oceânicas, fica de fato difícil saber a diferença entre o gelo e a água, que refletem a mesma coisa. Sendo assim, o binóculo não iria ajudar muito. Mas talvez, para mim, o fato mais estranho de tudo relacionado ao Titanic (deixando de lado Edward J Smith e J Bruce Ismay), foi um livro. 
Futilidade”, de Morgan Robertson, conta a historia de um navio de nome Titan, “inafundavel e indestrutível”, com passageiros que faziam parte da elite social e onde não haviam botes para todos. Numa noite de abril, bateu em um iceberg que rasgou seu casco. A maioria das características do acidente são semelhantes ou iguais as do luxoso navio, como o número de mortes ou a capacidade do Titan. O livro foi publicado em 1898, 14 anos antes do Titanic afundar.
Uma das maiores duvidas, no entanto, certamente é J Bruce Ismay. Pouco se sabe ao certo e menos se descobre que se sabe. Uma vez revelado que ele tinha uma “rixa” com um magnata da imprensa norte-americana, William Hearst. No sábado, 13 de abril, com 24 das 29 caldeiras acesas, Ismay foi ouvido conversando com o capitão sobre melhorar o desempenho-velocidade do Titanic, declarando: “Você vê eles trancando a pressão. Tudo vai bem. As caldeiras estão trabalhando bem. Nos faremos melhor. Corra amanhã!”. Relatos dizem que o Capitão Smith teria repassado uma das mensagens-aviso sobre icebergs a Ismay, que teria guardado a informação.
Pouco se sabe sobre o caráter de qualquer pessoa que estivesse a bordo do RMS Titanic. Pouco se sabe sobre muita coisa a bordo do RMS Titanic. Pouco sabemos sobre muita coisa fora do RMS Titanic, também. Serão as questões e indignações que envolvem o transatlântico só uma correlação com questões e indignações que temos com o desconhecido no geral? As dúvidas e indignações quanto a J Bruce Ismay, Edward J Smith, Thomas Andrews e outros, só uma forma de culpar alguém? Quando deveria a formação da sociedade ser culpada? Pois por mais que – hipoteticamente falando – Ismay e Smith fossem “culpados”, a sociedade inteira agia naquela época (e de certa forma, mais sutilmente em certos pontos, ainda age) de uma forma onde o status, o dinheiro e o poder importavam mais que qualquer outra coisa. Cegos por tudo aquilo que “realmente importava”, com certeza nem cogitaram uma possibilidade de algo dar errado. Não eram os únicos. Nunca foram. Nunca serão. Isso SE foram, lembrando que é uma hipótese.
A única certeza mesmo é que o Titanic existiu. Foi um monumento majestoso, luxuoso, grandioso e de extrema importância popular, social e econômica. Que ainda hoje muita gente mataria por um bilhete que garantisse a entrada nele. E que ele afundou, junto com todas as informações trocadas dentro dele, todas as respostas para as perguntas feitas hoje. E essas respostas jazem talvez na proa, talvez na popa, a 4km de profundidade abaixo do nível do mar.

Com profundo pesar, aviso-os que o Titanic afundou esta manhã após colidir com um iceberg, resultando em séria perda de vidas. Mais detalhes depois.
J Bruce Ismay, em telegrafo enviado do Carpathia para a White Star Line de Nova Iorque



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