Ladies and Gentlemen, com vocês, Miss Saudade. A
saudade de ouvir essa frase de forma diferente, terminando com seu nome;
saudade da esperança de um novo começo, de um recomeço saudável, de cabeça em
pé; da esperança de, de repente, um álbum novo, fresco, só esperando pela gente
pra dar nossa opinião, que certamente iria vir positiva. Não pela vontade, mas
pelo talento. Exatamente um ano se passou desde que essa esperança se esvaiu, e
essa saudade nasceu, embargada.
Em
algum momento da infância, algo aconteceu, algo pausou, ou pareceu ter pausado.
Aquela criança continuava atenta, ainda criança, ainda inocente, brilhante, em
algum lugar dentro dela, mesmo depois do tempo ter passado. Uma criança que estava
lá, cabisbaixa, observando o que acontecia ao seu redor, que vez ou outra até
arriscava um sorriso, e uma corrida pelo palco –mesmo que essa corrida acabasse
num tropeço; essa criança estava lá, e olhava diretamente em nossos olhos,
mesmo que por uma lente, mesmo que por um telão. Uma criança que sonhava ser
ninada ao som de Frank Sinatra, Dinah Washington e Ella Fitzgerald, e que
sonhava ser garçonete, como era. Uma criança brilhante que constantemente se
chateava com pessoas que ao invés de olharem para ela pelo que construía, pelo
seu trabalho, pela sua grandiosidade, olharam para seus erros, como se apenas
seus erros construíssem Amy Jade Winehouse. Uma criança que findou seus dias
como uma criança, deixando um pedaço de sua juventude.
Viveu rápido, apressou o passado, viveu intensamente, sempre muito nova e ouvindo que era nova demais, querendo ainda mais tudo que podia. E tudo o que não podia. Intensa e intimista a um nível extremo, ela não tinha medo algum de mostrar-se, certa ou errada, mas fazia de forma bela e por vezes suave, sutil, outras vezes aberta. Mostrava a si para quem quisesse acompanhar. Acabou por mudar muitas vidas, incluindo membros desta equipe.
De
repente, toda essa esperança de melhores tempos é rompida. Surrealmente, algo que
por mais que muitas pessoas já estavam contando os minutos para acontecer,
parecia que não iria acontecer nunca. As esperanças estavam aumentando, ela já
não parecia tão quebrada, mas ainda estava frágil. Um titã foi derrubado, uma
lenda se perdeu, mas ao invés de lembrar desta magnífica mulher que tanto nos
ensinou por seus erros e por seus acertos, continuamos esperando um bis, esperando ela voltar do backstage, por mais que as luzes já tenham diminuído e que a banda tenha parado de tocar, como cito numa
frase de um filme que vejo sempre que possível, “Então me ame. E então sinta minha falta. E me mande amor e luz toda vez que
pensar em mim”. Luz, Amy, luz, paz e amor, você merece.
É uma fonte de talento,muita inspiração, essa Amy <3