Um ano sem Amy Winehouse

segunda-feira, 23 de julho de 2012
Ladies and Gentlemen, com vocês, Miss Saudade. A saudade de ouvir essa frase de forma diferente, terminando com seu nome; saudade da esperança de um novo começo, de um recomeço saudável, de cabeça em pé; da esperança de, de repente, um álbum novo, fresco, só esperando pela gente pra dar nossa opinião, que certamente iria vir positiva. Não pela vontade, mas pelo talento. Exatamente um ano se passou desde que essa esperança se esvaiu, e essa saudade nasceu, embargada.
Em algum momento da infância, algo aconteceu, algo pausou, ou pareceu ter pausado. Aquela criança continuava atenta, ainda criança, ainda inocente, brilhante, em algum lugar dentro dela, mesmo depois do tempo ter passado. Uma criança que estava lá, cabisbaixa, observando o que acontecia ao seu redor, que vez ou outra até arriscava um sorriso, e uma corrida pelo palco –mesmo que essa corrida acabasse num tropeço; essa criança estava lá, e olhava diretamente em nossos olhos, mesmo que por uma lente, mesmo que por um telão. Uma criança que sonhava ser ninada ao som de Frank Sinatra, Dinah Washington e Ella Fitzgerald, e que sonhava ser garçonete, como era. Uma criança brilhante que constantemente se chateava com pessoas que ao invés de olharem para ela pelo que construía, pelo seu trabalho, pela sua grandiosidade, olharam para seus erros, como se apenas seus erros construíssem Amy Jade Winehouse. Uma criança que findou seus dias como uma criança, deixando um pedaço de sua juventude.
Mesmo sem a maquiagem clássica e quase que permanente, seu olhar era diferente. Era a solidão, a solidão que a envolvia e fez seus olhos perderem o calor; seus olhos e sua segurança, sua vontade de lutar, que ia e vinha. Mas é inútil perder tempo com coisas ruins. Afinal, não é assim que lembramos dela. É de uma mulher brilhante, de certa forma simples. Perdida, sim, mas doce, inocente e bela. Alguns discursos, algumas homenagens, demonstrações de saudade, e até mesmo livros são feitos na tentativa de que algo signifique algo ou que até chegue até ela, e para dividir a angustia com quem ainda sente sua falta. De quem só sabe cantar “No tears for us, think love and wear a smile”, pensando nela.
Viveu rápido, apressou o passado, viveu intensamente, sempre muito nova e ouvindo que era nova demais, querendo ainda mais tudo que podia. E tudo o que não podia. Intensa e intimista a um nível extremo, ela não tinha medo algum de mostrar-se, certa ou errada, mas fazia de forma bela e por vezes suave, sutil, outras vezes aberta. Mostrava a si para quem quisesse acompanhar. Acabou por mudar muitas vidas, incluindo membros desta equipe.
De repente, toda essa esperança de melhores tempos é rompida. Surrealmente, algo que por mais que muitas pessoas já estavam contando os minutos para acontecer, parecia que não iria acontecer nunca. As esperanças estavam aumentando, ela já não parecia tão quebrada, mas ainda estava frágil. Um titã foi derrubado, uma lenda se perdeu, mas ao invés de lembrar desta magnífica mulher que tanto nos ensinou por seus erros e por seus acertos, continuamos esperando um bis, esperando ela voltar do backstage, por mais que as luzes já tenham diminuído e que a banda tenha parado de tocar, como cito numa frase de um filme que vejo sempre que possível, “Então me ame. E então sinta minha falta. E me mande amor e luz toda vez que pensar em mim”. Luz, Amy, luz, paz e amor, você merece.

3 comenta(m):

  1. Unknown disse...:

    É uma fonte de talento,muita inspiração, essa Amy <3

  1. Paulo Mollinedo disse...:

    Simplesmente, BRILHANTE! Parabéns Luis Reis.. Me emocionei, pois é exatamente assim que vejo nossa "menina" e me identifico me vejo em seu olhar. Minha história de vida, tem muito a ver com a de Amy, por isso, eu sempre entendi seu comportamento e sempre a amei!

  1. Paulo Mollinedo disse...:

    Brilhante! É exatamente assim que sentia essa menina genial e brilhante! Saudades.. Parabéns, amigo Luis.

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